sábado, junho 17, 2006

Pequena historia by FilipaG

Ligo o televisor e fico de mente adormecida a olhar as imagens que se sucedem.
Faço zapping automaticamente, na esperança que algo me desperte a atenção, mas nada…
Fecho os olhos e caio em mim.
Buscando o meu eu interrogo-me - Qual é a minha vocação? - Dizem que todos temos uma, mas quantos verdadeiramente a encontram?
Homem de meia-idade, empregado mediano perdido numa rotina entediante sem fim. Casar, ter filhos, vê-los crescer e partir deixando-nos de novo entregues a nossa mesquinha existência.
Sentir os anos a pesar, olhando para trás e questionar-me – Qual foi a minha diferença no mundo? Qual a minha marca? – Continuar o legado da minha espécie? Até nisso o meu cão se saiu melhor que eu.
Sem o fervor da minha juventude vejo-me encurralado numa existência menor que este ponto final.
Sento-me na cadeira junto a janela e observo o jardim. As crianças brincam lá fora, sob os olhares atentos dos pais. Mas nas suas mentes a imaginação fervilha e ora são princesas, ora são astronautas, ou mesmo pilotos da aviação. Todo o mundo que os rodeia é alheio a intimidade das suas brincadeiras. Brincam sem a noção que estes serão os seus melhores dias.
Quem me dera poder descer as escadas, correr estrada fora e sentar-me no baloiço. Ah, como eu adorava sentir o vento na cara, e baloiçar cada vez mais alto jurando que um dia tocaria no céu.
De repente um súbito desejo se apodera de mim, – tenho de as avisar! Tenho de lhes dizer que não parem nunca de brincar, sonhar, lutar e viver. Preciso de lhes dizer, que não se tornem como eu, mais uma mosca na parede! Precisam de marcar a diferença!
Levantando-me da cadeira, nem sinto as dores do corpo envelhecido, abro a porta e desço as escadas o mais depressa que posso! – É hoje que marcarei a minha diferença! – Quase sem fôlego atiro-me para a estrada, o sinal ainda estava verde… juro! – Mas não cheguei ao outro lado…
Um carro em excesso de velocidade não parou e abalroou-me atirando-me uns bons metros no ar, até que caio no chão desamparado qual boneco de trapos.
Em flashes recordo-me de ver uma dúzia de rostos desconhecidos, com ar estarrecido. Falavam mas eu não os ouvia. Não sentia dores apenas frio, muito frio… os rostos foram-se esfumando em mil cores.
Quando voltei a mim estava sentado no baloiço, sentindo o vento na minha cara… baloiçava com toda a minha força, pra frente e pra trás, cada vez mais alto… até que ganhei asas e voei!
Voei pelos céus e estendendo um dedo realizei o meu sonho de criança, toquei o céu!



FilipaG.

7 comentários:

Wargasmer disse...

Falar em vocação.... devo dizer-vos que estou a pensar em enveredar pela vida religiosa e inscrever-me num seminário.

Peço a todas a miudas que me tentem só para ver se realmente esta é a minha verdadeira vocação. Se pecar, tento a minha sorte noutra area... :p

Anónimo disse...

óóó gente deprimente!!

Rick disse...

Deprimente?!?!?! Profundo talvez... agora deprimente?!?!?! Só se for a parte do cota a andar de baloiço isso pode ser deprimente lol
Apreciem mas é... :P

Angélika disse...

1 - Essa de pedir a tentação é uma boa desculpa para se pecar... óóóó se é.... LOOOOOOOOOOOOL... mas tás assim tão necessitado? (KIDDING)

2 - Gente Deprimente????????? QUEM????????????

3 - Que tem de deprimente um velho andar de baloiço???? O.o

3 -

Angélika disse...

Um filme talvez não... mas uma curta... curtinha... quem sabe... têm de ler "O Jardineiro".

Querem ver que agora vou começar a escrever curtas??? Ai que vida!

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Keep up the good work »